segunda-feira, 2 de junho de 2014

Síndrome da Fadiga Crônica

SÍNDROME DA FADIGA CRÔNICA
Este problema, que está longe de ser uma doença, pode afetar até crianças de sete anos, bem como adultos e ambos os sexos igualmente. Os sintomas são muito semelhantes ao do esgotamento, e incluem:
- letargia ou exaustão extrema;
- perturbação do sono, sonolência durante o dia e insônia a noite toda;
- músculos sensíveis, doloridos, pesados;
- perturbação do ritmo intestinal, do sistema urinário e da menstruação;
- dificuldade de concentração, falta de memória, indecisão;
- maior sensibilidade a ruídos altos, luzes e cheiros fortes, etc.;
- depressão, fobias e ansiedades.
Acho que existem muito mais pessoas sofrendo dessa doença do que supomos, o que provavelmente reflete a relutância de aceitá-la como doença com um quadro próprio, e porque a maioria espera sentir alguns desses sintomas num mundo estressante.
O tipo de personalidade que se delineia é de alguém percorrendo um caminho que não é o seu, tentando agradar uma figura que exerce autoridade em um ente querido e chegando a um ponto em que a tensão entre a distância das necessidades da própria alma e as da personalidade ficou grande demais.
Os sintomas representam a distância entre a energia do eu interior e a energia do eu exterior e pedem para serem reconhecidas, a fim de se poder implementar mudanças. No entanto, muitas vezes, o terapeuta é instruído: “Basta que você me dê energia suficiente para continuar trabalhando, etc., que eu vou ficar bem”. Espero que o médico que saiba o que está fazendo responda: “Mas seu modo de vida é a causa do problema!”.
Enquanto a pessoa não admitir que está doente e não reconhecer a necessidade de mudar, seus sintomas continuarão. Os músculos doloridos representam a “energia criativa” que não está se expressando, e muitos desses indivíduos estão em empregos ou estudos onde não conseguem exercer sua criatividade e seguir seu caminho livremente, por medo de desaprovação ou da culpa de deixar os outros numa situação difícil. Por exemplo:
- O homem que entrou no ramo bancário para agradar o pai, embora, na realidade, quisesse estudar decoração de interiores;
- A menina que estava estudando química porque o pai era médico, mas que tinha talento para as belas-artes;
- A mulher que, como professora em regime de tempo integral e mãe, estava exausta, mas não podia sair do emprego porque todos estavam muito orgulhosos dela e a família precisava do dinheiro;
- O jornalista oprimido pelo que via em seu trabalho, mas que não podia parar por se sentir na obrigação de registrar a verdade;
- A cabeleireira que descobriu estar impossibilitada de atender mais uma cliente sem entrar em pânico.
Em todos esses casos, a doença deu à pessoa uma licença para se afastar do trabalho e, mais importante ainda, tempo para pensar. Quando a auto-estima é baixa, dar um passo que afaste o indivíduo das fontes de aprovação exterior e começar a acreditar em si mesmo requer grande coragem; mas, quando você não está bem, não há outra solução. Muitas das pessoas mencionadas acima conseguiram mudar seus padrões de comportamento e, com isso, voltar a trabalhar ou estudar, e se tornaram pessoas mais felizes e mais saudáveis, com limites e senso de identidade muito mais bem definidos.
Todas elas ainda têm que prestar atenção a seus níveis de energia, mas agora usam esse indicador sensível como um aliado que está aconselhando a ir mais devagar. O interessante é que muitas delas me disseram que, assim que ficaram doentes, todos os amigos desapareceram, pois deixaram de ser divertidas. Os bons amigos não abandonam você, principalmente quando você está enfrentando dificuldades; essa situação sugere a natureza superficial dessas relações baseadas nos serviços prestados pela pessoa.


(texto extraído do livro "Anatomia da Cura", de Christine Page)