segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Astrologia: Os Ciclos e sua Relação com as Crises

ASTROLOGIA HUMANÍSTICA
Os Ciclos e sua Relação com as Crises
A Astrologia Humanística constitui a primeira abordagem astrológica a usar o conceito de ciclos como base para a compreensão e interpretação dos seus símbolos fundamentais: casas, signos, plantas e aspectos. (...)
O que é um ciclo? Ciclo é uma estrutura-forma de tempo. É o contexto no qual ocorrem as mudanças. Toda a existência é estruturada pelo tempo e toda a atividade tem lugar no tempo. Ciclo é o tempo de duração da vida de qualquer entidade determinada. Embora um ciclo tenha um começo e um fim reconhecíveis, é errôneo interpretar isso como um eterno ponto de partida – começo, fim e novo começo. Uma tal visão dos ciclos, em astrologia, levará o indivíduo a considerá-los como sequências repetitivas de eventos. Este não é o verdadeiro retrato da realidade; pois, embora o padrão do seu desenvolvimento se repita, desde o início até o fim, o conteúdo de um ciclo – os estados de mudança, os eventos ou as experiências de seu período de duração – nunca se repete exatamente. (...)
Sendo um “todo e de atividade”, um ciclo contém um meio, assim como um começo e um fim, havendo fases de desenvolvimento identificáveis à medida que ele se desenrola. Tão logo um momento particular é identificado como parte de um ciclo, passa a estar inextricavelmente relacionado com o começo e também com o fim desse ciclo. Qualquer momento específico ocorrido dentro de um ciclo é considerado parte do “meio”, um desenvolvimento do impulso que iniciou o ciclo, e é dirigido no sentido da consumação ou propósito desse ciclo. Desse modo, todos os momentos dentro de um ciclo estendem-se para trás, para a raiz do ciclo e, ao mesmo tempo para frente, na direção da semente do ciclo. Este impulso simultâneo, para frente e para trás, envolve qualquer momento particular com todos os outros momentos do ciclo. Rudhyar denomina este fenômeno de INTERPRETAÇÃO-TEMPO. É a quarta dimensão do tempo. (...) Cada momento no tempo é uma parte, um aspecto ou uma fase de uma realidade oniabrangente – o Todo – e tem seu significado essencial somente com referência a esse Todo. Assim sendo, cada unidade aparentemente separada tem participação e está envolvida com cada uma das outras unidades existentes dentro do tempo de duração de um ciclo. Isto acontece porque, em qualquer ciclo, o efeito também age sobre a causa e cada momento presente é puxado pelo futuro, assim como é empurrado pelo passado. O ciclo inteiro está implícito em cada um de seus momentos.
Como um estudo dos ciclos, a astrologia torna-se, então, um estudo das correlações entre todos esses fatores – entre o futuro e o passado em cada momento presente; entre o macrocosmo universal e o microcosmo individual. O mapa natalício é o ponto de partida do ciclo de vida do indivíduo. Situa-se entre o passado ancestral – as raízes cármicas e o futuro potencialmente individualizado – o propósito-vida dármico. Trata-se do padrão ou plano que Jung chamou de processo de individuação, revelando, em linguagem simbólica, como cada pessoa pode atualizar plenamente aquilo que é potencialmente.
O QUE É UMA CRISE? Os ciclos são medidas de mudança. Para que qualquer propósito se realize, devem ocorrer mudanças e, necessariamente, mudanças envolvem crises.  (...) Ela deriva da palavra grega “krino”, “decidir”, e significa, simplesmente, um momento de tomar uma decisão. Uma crise é um momento decisivo – aquele que precede a MUDANÇA. Para evitar uma crise, teríamos que evitar a própria mudança, o que constitui uma impossibilidade óbvia.
Embora toda a matéria, tanto viva quanto inanimada, esteja mudando constantemente, somente o homem tem capacidade de tomar uma decisão consciente. Com o fito de evoluir, ele deve abandonar o comportamento instintivo, que serve apenas para a sobrevivência ou as compulsões sociais, em favor da escolha consciente. A barreira para a escolha consciente é o “ego”, aquilo que a sociedade disse ao indivíduo que ele deveria ser, em oposição à experiência do Eu, que lhe diz o que ele realmente é. É na adaptação ao papel social que o indivíduo assume padrões de comportamento habituais. Assim, quando chega o momento de tomar uma decisão (crise), permitimos que esses padrões determinem a nossa escolha, em vez de seguirmos as linhas de orientação emanadas da nossa própria verdade pessoal.
Infelizmente, está sempre presente a tentação de se evitar o ato de tomar uma decisão, na esperança de que a necessidade desapareça e as coisas permaneçam num confortável estado “normal”. Às vezes esta técnica dá a impressão de que funciona, e o fio do status quo parece não ter sido rompido; contudo, não importa quão pequenina a decisão ou quão insignificante a crise, este ato de evitar representa, de qualquer modo, uma derrota espiritual. O fato de recusar-se a decidir, ou o fato de esperar que as circunstâncias ou outras pessoas decidam, não exime o indivíduo da responsabilidade. Toda vez que uma decisão deixa de ser tomada, os padrões inconscientes e instintivos tornam-se mais profundos. O que na infância era uma ranhura transforma-se, mais tarde, num sulco e, finalmente, numa cova. Esta repetida ausência de decisão consciente pode, numa determinada circunstância, aumentar a tensão, fazendo-a finalmente explodir. O indivíduo será então obrigado a reagir a circunstâncias difíceis ou dolorosas, que poderiam ter sido evitadas, caso tivesse ele enfrentado as crises anteriormente e menores com objetividade e coragem. A catástrofe resultante não é uma conseqüência inevitável das crises, mas sim das decisões evitadas. Assim sendo, para os astrólogos humanisticamente orientados, as crises não são eventos externos, embora os eventos externos possam precipitá-los ou condicionar o seu desenvolvimento. As crises, tanto grandes como pequenas, representam, essencialmente, oportunidades para o desenvolvimento – as únicas oportunidades que realmente temos. O indivíduo deve fazer um esforço contínuo no intuito de se manter alerta e livre dos padrões de hábitos inconscientes, que obstaculizam o crescimento espiritual. Desse modo, será capaz de usar as crises em favor de seus objetivos particulares.
O desafio das confrontações é interminável. Alguns destes pontos críticos são biológicos (tais como a adolescência e a menopausa) e são enfrentados em idades específicas, ao passo que outros são individuais e podem ocorrer em qualquer época durante o período de vida. O potencial destes últimos é inerente ao mapa de nascimento, e a interpretação de seus efeitos e reações dependerá da idade da pessoa na ocasião da crise. Por meio de trânsitos e progressões, o astrólogo pode deduzir a época e a natureza das futuras crises em potencial. Caso se espere um tipo específico de período de transição, ou de crise de crescimento, o indivíduo pode preparar-se para enfrentá-lo conscientemente e com os olhos abertos e, através dele, poderá lucrar muito mais em termos de maturidade pessoal e de desenvolvimento espiritual. Tal conhecimento também poderá ajudar a pessoa a evitar decisões imprudentes ou precipitadas. O sentimento de desespero que frequentemente surge no meio de uma crise pode ser igualmente dispersado pela capacidade do astrólogo em predizer o fim do ciclo.
Todavia, o conhecimento antecipado pode, por outro lado, ter efeitos negativos. Com muita freqüência, a antecipação de uma crise iminente provoca medo e ansiedade – as causas primárias de todos os males. Idealmente, do ponto de vista humanístico esta abordagem negativa deverá ser menos provável, uma vez que o objetivo da abordagem humanística é antes o desenvolvimento espiritual, e não o conforto ou o enriquecimento material. Além do mais, o astrólogo humanístico deverá saber que as crises não são eventos isolados, mas fases de crescimento individual. Deverá interpretá-las tomando como referência os ciclos maiores ou menores dentro dos quais elas ocorrem – as fases desses ciclos. A fase correspondente à crise revelará seu significado e propósito em função da natureza, do alcance e do propósito do ciclo como um todo. A astrologia humanística, portanto, será capaz de trazer um sentido de direção, de orientação e de determinação a cada crise. A maioria dos manuais astrológicos não trata da capacidade para visualizar o que poderá e deverá ocorrer no futuro (isto é, a meta e o propósito do ciclo completo), mesmo quando a pessoa se acha no meio de uma caótica situação presente. Ela deve ser aprendida enfrentando-se experiências em função da quarta dimensão temporal – isto é, observando-se o ciclo todo em cada momento em que está sendo vivido e abordando-se esse momento presente de maneira lúcida e consciente.
Embora a astrologia humanística possa prestar um grande auxílio na compreensão das crises futuras, essa abordagem poderá ser ainda mais valiosa no que se refere a compreender as crises já ocorridas. Tal compreensão, embora tardia, é a melhor preparação para se enfrentar, construtiva e expressamente, as crises de desenvolvimento que ainda estão por vir. Contudo, como qualquer técnica, seu valor depende da pessoa que a está utilizando – de sua coragem, discernimento e visão espiritual. Ninguém pode ver, quer num mapa de nascimento, quer na própria pessoa, qualquer coisa que esteja além do alcance do seu próprio entendimento. O astrólogo pode extrair de um mapa de nascimento apenas aquilo que ele insere em sua própria vida.


Trecho extraído do livro “Ciclos de Evolução”, de Alexander Ruperti.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Psicanálise: terapia para o autoconhecimento

AUTOCONHECIMENTO ATRAVÉS DA PSICANÁLISE

Que ser complexo é o ser humano! Um misto de pensamentos, sentimentos, desejos, anseios... luz e sombra... um pacote completo. Percebemos toda essa variedade de ações e reações em nosso interior, em muitos casos, contraditórias.
Mas a questão é: o que fazer com tudo isso? Como encontrar o equilíbrio? Como ser feliz? Qual o meu lugar no mundo? Qual é o sentido da minha vida?
Na jornada de nossa existência nos deparamos com vários sistemas ou caminhos que intentam dar respostas a estas questões. Todos buscando o Centro, o Âmago, o Real.
Somos, cada um de nós, um Universo Completo, mas que precisa ser descoberto, explorado e, acima de tudo, INTEGRADO. Para isso, precisamos de uma estratégia.
Qual seria o primeiro passo para esse processo de integração interior? Pois, lidar com nossa HUMANIDADE. Sim, conhecermo-nos como humanos que somos. Reconhecer o que há por trás de cada pensamento, cada sentimento, cada desejo, cada angústia...
A Psicanálise nos coloca em contato com as questões humanas. Trás luz ao que foi recalcado desde os primeiros instantes da vida. Possibilita lidar com nossas neuroses, jogando luz sobre os medos, as depressões, as raivas, as negatividades, etc. Através da Psicanálise analisamos nossas carências, vazios, medos, problemas de autoestima, traumas, mágoas, toda sorte de limitações autoimpostas. Quando colocamos luz sobre estas sombras interiores, elas deixam de ser sombras. A luz da consciência, construída passo a passo, nos faz perceber também o que temos de bom que não usamos, valores que ficam sem uso devido a sentimentos de menos valia, complexos de inferioridade, de castração, etc.
As técnicas psicanalíticas, propiciadas por Freud e outros que lhe seguiram, propiciam esse AUTOCONHECIMENTO que possibilita integrar luz e sombra em nosso interior.
A Psicanálise prima pelo AMOR À VERDADE. É isso que a torna um excelente recurso para o autoconhecimento. Ela ajuda a conectar-nos conosco mesmos, libertando-nos das falsas verdades que construímos e transforma nossa percepção da vida.
Aceitar nossa própria humanidade nos traz qualidade de vida, amplia nossas perspectivas, melhora a relação que temos conosco mesmo e com o mundo.
Psicanálise é terapia para o autoconhecimento.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Depressão: amiga ou inimiga?


As estatísticas mais recentes têm apontado a depressão como o mal do século. Os prognósticos para este distúrbio de humor o colocam como primeiro problema psicológico para os próximos 20 anos.
A AMA (Associação Médica Americana) explica objetivamente o que é a depressão e seus tipos. As empresas farmacêuticas têm se especializado cada vez mais, elaborando medicamentos eficientes, de acordo com as mais recentes descobertas da Neurociência.
No entanto, a depressão insiste e persiste. Por que?
Os medicamentos combatem os sintomas da depressão, mas não acabam com ela, pois este distúrbio, assim como qualquer outra psicopatologia, tem uma função específica na nossa mente.
As psicopatologias não são apenas efeitos de desordens psíquicas, mas têm um papel dinâmico, comportando-se como um fator de cura também. Qualquer doença, seja ela física ou psíquica, é um meio de autocura, de transformação. Assim, se queremos chegar à cura, precisamos entender a doença.
No caso específico da depressão, o que ela mostra? Podemos sintetizar a mensagem deste distúrbio da seguinte forma:  ela quer nos fazer ver que nossa vida está carecendo de um sentido. Ela se instala progressivamente, sendo o último estágio  de uma tentativa de integração proposta pelo nosso Ser Real.
Nossa psique (alma) nos convida, de tempos em tempos, a produzir mudanças internas, a EVOLUIR. Quando nos negamos a isso, produzimos algum nível de dissociação interna. Evolução significa reintegração com partes de nós até então inconscientes (as diferentes partes do Ser). Para isso, temos que mergulhar em regiões dentro de nós e isso causa medo. Assim, o medo é o principal obstáculo (e não é pequeno!) à metamorfose interior. O medo do desconhecido, por exemplo, é um grande óbice ao processo interno de mudança.
Quando evitamos, seguidamente, esses enfrentamentos que se manifestam, por vezes, só internamente, como um conflito com fantasmas, fantasias ou devaneios, eles acabam se externalizando e vemos esses elementos internos projetados em circunstâncias e pessoas.
A negação crônica do movimento da vida, das pulsões que nos impulsionam a fazer mudanças e tornar nossa vida criativa, é que geram a depressão.
A depressão é uma doença que nos diz: você não está fazendo da sua vida o que deve, não está cumprindo com a vontade do Ser Real para este ciclo de sua existência.   É qual é essa vontade? Cada um tem que descobrir através de um processo de AUTOCONHECIMENTO, exercitando a interiorização. O problema é que o processo depressivo drena a vida, o que faz por vezes necessária a ajuda externa, na forma de uma terapia bem conduzida.
Então, a questão central é: A VIDA ANDA POUCO CRIATIVA! Nós, seres humanos, estamos perdendo o propósito da nossa existência, escolhendo viver de forma mecânica, robótica, nos distanciando de nossa natureza interior, de nossa Verdade. Essa é a causa da crescente depressão que assola estes tempos. Estamos perdendo contato com a VIDA, vivendo por viver, sem o saber.
Assim, no final das contas, a depressão é uma amiga, que nos alerta pela dor, de que precisamos submeter nossa vida a um processo de reflexão.
E se precisamos ser tocados pela dor é sinal de que as tentativas anteriores, mais brandas, que nosso Ser Real tentou para nos levar a uma transformação, falharam. Portanto, a situação é grave. Em vez de rechaçar essa amiga tão sincera, vamos nos voltar para ela e ver e escutar o que ela tem a nos dizer.



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Auto-expressão e Criatividade

AUTO-EXPRESSÃO E CRIATIVIDADE

Embora a maioria de nós passe o dia todo “expressando-se”, oralmente ou pela escrita, pouco do que dizemos tem relação com os impulsos mais profundos de nossa alma. Em geral, usamos as palavras de forma descuidada, sem perceber que cada uma delas tem uma energia própria e que sempre atinge um alvo.
Os índios nativos dos Estados Unidos dizem: “Escolha suas palavras com cuidado, pois através delas você cria sua realidade”. Mesmo quando sabemos o que queremos dizer, muitas vezes modificamos nossos pensamentos para satisfazer os outros, preferindo nos conformar ao condicionamento tribal a expressar nossa voz interior. Por esse motivo, há muito tempo existe o costume de manter diários para registrar os pensamentos íntimos e, nos últimos anos, um número cada vez maior de pessoas está optando por pagar alguém, como um psicoterapeuta, para ouvi-las sem fazer interrupções ou juízos de valor, nem tentar mudá-las.
O que gostaria de dizer se soubesse que não seria julgado ou interrompido? Que parte sua ainda está à espera para se manifestar?

O PODER DO CORPO MENTAL
Através do Chacra da Garganta, o corpo mental se revela, contribuindo com a lógica, a análise, a razão e a compreensão para o que parece ser um mundo de confusão, irracionalidade emocional e sonhos nebulosos. Proporciona um foco para nossos pensamentos, oferecendo sistemas organizadores através dos quais podemos encontrar ordem em momentos de caos.
Por exemplo: Quando uma idéia intuitiva está chegando à consciência, é o chacra da garganta que transforma a impressão numa forma ou estrutura que pode ser reproduzida e depois manifesta. Trabalhando na direção oposta, a resposta a um ato nosso pode ser registrada como um sentimento ou sensação que depois é convertido pelo chacra da garganta em razão, por meio da criação de sistemas de crença que dizem: “Sinto-me bem e, por isso, acredito que minhas idéias serão bem recebidas”.
Todo(a) empresário(a) deve construir seu êxito repetindo esse modelo, disposto a fazer ajustes secundários quando a resposta é menos favorável e só voltando à fonte da idéia, a intuição, quando o sucesso do produto já é ponto pacífico. O mesmo acontece com nossa vida, onde repetimos padrões de comportamento construídos a partir de sistemas de crenças que foram edificados sobre as experiências e informações do passado, adquiridas com aqueles que conhecemos.
Mesmo que se continue produzindo algo defeituoso, nossa capacidade de nos manter alertas em relação às discrepâncias foi comprometida pela repetição de histórias que nos lembram: “É assim que as coisas são”. Sem contato com nossa intuição e sem o dom do discernimento, continuamos sendo levados por tipos de pensamento que não funcionam mais para nós.
Os sistemas de crenças estruturam nosso mundo e podem ser pessoais (“Acredito que sou atraente”), ou globais (“O mundo é um belo lugar para se viver”). Armados com esse conhecimento, podemos processar todas as nossas experiências, tanto para reforçar a crença quanto para mudá-la, se necessário. Mas os sistemas de crenças mais difíceis de reconhecer e transformar são aqueles baseados em mensagens negativas que nos oferecem um tipo estranho de segurança, onde a influência da alma fica limitada.
Quando a mensagem interior diz, por exemplo: “Nunca serei grande coisa”, ela não ajuda muito a promover a motivação, assim como “O mundo me persegue”, também não. E quanto mais pensamos nessas coisas, mais a mensagem é reforçada por nossas experiências no mundo externo, que nos levam a dizer: “Eu bem que avisei!”.
Os pensamentos ruins criam nossa percepção da realidade.
Essa frase lembra-nos que mesmo quando há outras facetas numa experiência, só vemos o que queremos ver porque precisamos manter a ilusão da segurança. E por que nos apegamos a algo tão destrutivo para a alma? Principalmente porque tememos as mudanças e nossa amnésia tribal nos impede de lembrar que existe uma outra maneira de viver. Mas, felizmente, nada se mantém estático e quanto mais cedo desistirmos de uma crença redundante e nos dermos permissão para nos empolgar com a perspectiva de uma nova identidade, tanto antes teremos um sentimento de realização e paz interior.

A CORAGEM DE MUDAR
O chacra da garganta é o centro da mudança e da transformação. Em termos físicos, a glândula tireóide, que se situa nessa área, produz o hormônio tiroxina. Esse mesmo hormônio é encontrado em girinos e acham que é o catalisador que provoca as metamorfoses do minúsculo peixinho em rã. Quando esse hormônio é removido, o girino só aumenta de tamanho e não consegue se transformar numa rã adulta. Mas, se for acrescentada tiroxina extra num estágio inicial, a larva logo se transforma num anfíbio e, com toda a probabilidade, não vai sobreviver por causa da sua imaturidade. Essa é a capacidade do chacra da garganta: não traz só mudanças, provoca verdadeiras metamorfoses: uma transformação completa do caráter.
Não é de surpreender que a gente se apegue a velhos padrões de comportamento, pois a mudança questiona, desafia, desperta ansiedade, mas também traz liberdade e alegria. Nossa alma comunica seu anseio por mudanças através do sono, palavras dos outros, crises, amor e, claro está, de doenças. A mensagem é captada pelos receptores energéticos do chacra da garganta, mas podemos optar por ignorá-la através de desculpas incríveis, fabricadas pelo próprio intelecto:
- “Eu adoraria, mas...”
- “Não é fácil/ falar é fácil/ é difícil”
- “Ouvi o que você disse, mas você simplesmente não entende!”
- “Quando me aposentar/ quando as crianças saírem de casa/ quando tivermos mais dinheiro/ quando ganharmos na loteria”
- “Estou gorda demais/ magra demais/ ocupada demais/ pobre demais/ carente demais”
- “Sim, mas...”
Escute-se e procure tomar consciência das desculpas que você encontra (mesmo quando não as expressa) em sua tentativa de evitar mudanças; seja honesto, você quer mudar realmente ou só está falando da boca para fora? É tão fácil pedir a opinião dos outros sobre um dilema corrente ao mesmo tempo em que desejamos secretamente que ninguém apareça com uma solução que não possa ser descartada se dissermos: “Acho que você não entendeu o problema, deixe-me explicar...”
Mudança requer coragem, quer implique abandonar algo ou alguém, envolver-se em lugar de fugir, ou renunciar a sistemas de idéias antigos, paralisantes. Segundo minha experiência, 80% de todas as doenças são um despertador que a alma pôs para tocar, insistindo na mudança e, uma vez que consegue sua atenção, não vai abrir mão dela, felizmente!
Por fim, lembre-se de que não podemos alimentar esperança de ajudar os outros durante sua transformação a menos que tenhamos empreendido a viagem nós mesmos, sendo uma das desculpas mais populares para não realizarmos nossas mudanças dizer: “Se ao menos meu marido/ minha mulher/ meu sócio/ meu trabalho/ meu país, etc. mudassem, eu ficaria bem!”

MINHA VONTADE CONTRA A DOS OUTROS
O chacra da garganta é a sede de nossa vontade que, quando concentrada no objeto do desejo, é uma força poderosa, que dirige e atrai, arrastando para nós o que precisamos. Nos primeiros anos do século XX, grandes psicólogos como Freud e Jung ajudaram a dar sentido à miríade de imagens e pensamentos confusos que impregnam nossa mente noite e dia, reconfortando seus clientes, que agora poderiam dar um nome a seu comportamento. Essa tendência continuou e expandiu-se até os dias de hoje, quando surgiu, nos últimos anos, um dilúvio de métodos de controle da mente com vistas ao desenvolvimento pessoal, entre os quais afirmações, PNL e auto-hipnose.
Muitos podem dizer que há pouco mais a aprender sobre a mente e, no entanto, apesar dos avanços psicológicos, foi pequeno o impacto sobre a infelicidade de muitos nesse mundo. Será que, enquanto nos ocupávamos com o interior, esquecemos de nos lembrar de nossa ligação profunda com todos os seres vivos do planeta e que esse tipo de análise pode ser um meio de reforçar os muros protetores da mente em vez de derrubá-los?
Embora uma grande vontade pessoal seja admirável quando uma tarefa precisa ser realizada, também pode ser uma causa de separação de todos os que amamos. Do empresário empolgado com a possibilidade de ter sucesso, passando pela mãe ou pai determinado a dar ao filho a vida que nunca teve e ao adolescente cuja natureza rebelde revela uma vontade férrea, todos têm êxito, mas a que preço? Onde está o divertimento, a espontaneidade, a flexibilidade e o amor? Quando uma motivação profunda está em jogo, até essas dimensões da vida se transformam num negócio a ser administrado!
E o que cria a necessidade de ser voluntarioso, teimoso ou determinado? Talvez seja provar um ponto de vista ou controlar um mundo onde tudo parece caótico e ameaçador. Minha opinião é que aqueles que sentem a necessidade de ser independentes e se sustentar por vontade própria vêm de uma situação de insegurança no chacra da base, onde aprenderam desde cedo que não era possível confiar nos outros e onde “a vontade dos outros” representa opressão, medo ou juízo de valor. Ao canalizar seu impulso criativo para o chacra da garganta e colocá-lo sob o controle da mente, podem dirigir sua vida de um lugar distante, mas seguro. Esses indivíduos costumam ser extremamente intuitivos, recebendo estímulos de todos os sentidos e analisando as informações antes de assumir o risco de falar ou agir.
Uma frase que usam muito é: “Quero entender tudo antes de ir em frente”, que significa realmente “Quero 100% de garantia de que não vou correr riscos/entender mal/ fracassar, ou que me façam sentir-me responsável”. Essas preocupações com insegurança, auto-estima baixa e falta de confiança, estão relacionadas aos chacras inferiores. Como indivíduos, em geral têm uma longa lista de perguntas que precisam ser respondidas antes de se sentirem preparados para se comprometer com qualquer coisa mais profunda. Muitas de suas perguntas são tão abstratas que é impossível dar garantias, o que aumenta a ansiedade e a prudência.
Mesmo mentindo para conquistar sua confiança, o amor é a única resposta para reequilibrar a situação, porque apresenta uma perspectiva diferente da imagem que têm da “vontade dos outros” e aponta que seus sentimentos e idéias serão ouvidos com simpatia. O progresso costuma ser lento, pois sua natureza profundamente desconfiada e mente extremamente analítica relutam em abrir mão do controle e aceitar a mão que lhes foi oferecida.  Uma das sugestões mais irritantes que você pode dar a alguém com desequilíbrio no chacra da garganta é: “Desista!” Isso os deixa fora de si, pois imediatamente ficam tensos, pensando na melhor maneira de desistir.
Ao nos submetermos a uma autoridade superior, à vontade “Dele”, não nos perdemos, ganhamos mais força e liberdade de viver a vida que escolhemos. Essa disposição em abrir mão do controle é exemplificada durante as refeições, onde podemos manter porções na boca pelo tempo que desejarmos, mastigando os prós e os contras. Mas chega um momento em que precisamos engolir e nunca mais ver aquela comida enquanto as fezes não aparecerem na outra ponta. Esse processo físico mostra que quando temos a coragem de renunciar, recebemos nutrição, energia, renovação e tudo o que precisamos fazer é saborear a comida.
Por fim, uma maneira de usar energicamente uma vontade firme para promover a autovalorização é o processo de “tentar”, quando se acredita que “tentando só mais um pouquinho” se terá mais êxito/mais amor/mais respeito, etc. Infelizmente, uma crença dessas só deriva de uma fantasia profunda do tipo “não sou grande coisa”, que arrasta as pessoas até elas desmoronarem exaustas, perguntando onde foi que erraram: “Tentei de tudo e ainda me sinto vazio”.
Felizmente, a essa altura, têm a coragem de parar e refletir sobre sua vida, permitindo que o tempo alimente a mente e o corpo exaustos, e perceber que, embora tenham corrido em círculos tentando se encontrar, aquilo que estavam procurando esperava pacientemente em seu coração, sem exigir nada deles, exceto que voltassem para casa.
Christine Page, em “Anatomia da Cura”, pags. 236 a 241