quinta-feira, 20 de março de 2014

Hércules, o Herói Solar

Hoje começa o ano astrológico. Lembrei-me de Hércules e seus 12 Trabalhos, que têm relação com o Zodíaco e a jornada da alma.

Segundo Alice Bailey, a correspondência entre trabalhos e signos é a seguinte:

1)      A Captura das Éguas Antropófagas (Áries)
2)      A Captura do Touro de Creta (Touro)
3)      Os Pomos de Ouro do Jardim das Hespérides (Gêmeos)
4)      A Captura da Corça ou Cervo (Câncer)
5)      A Morte do Leão de Neméia (Leão)
6)      A Tomada do Cinturão de Hipólita (Virgem)
7)      A Captura do Javali de Erimanto (Libra)
8)      A Destruição da Hidra de Lerna (Escorpião)
9)      A Morte dos Pássaros de Estínfalo (Sagitário)
10)   A Morte de Cérbero (Capricórnio)
11)   A Limpeza dos Estábulos de Áugias (Aquário)
12)   A Captura do Gado Vermelho de Gerião (Peixes)

Vejamos o que A. Bailey diz, em linhas gerais, sobre esse processo:

A verdade está, como uma fênix, emergindo de novo no campo da experiência humana, mas ela será a verdade que é sentida e conhecida e não a verdade forçada através do autoritarismo e da tradição antiga; pois a verdade, como nos diz Bernard Saw, é “o que você conhece pela sua experiência como sendo real e você sente em sua alma como sendo verdadeiro”. Tais renovações na vida espiritual da humanidade são recorrentes e cíclicas; elas podem ser de uma natureza emocional ou intelectual, mas elas servem para levar a vida subjetiva da humanidade para uma nova fase mais rica de experiência, e compensar, e algumas vezes interpretar as tendências mais materiais e científicas paralelas que podem ser vistas.
O problema de todo escritor e instrutor hoje é descobrir novos caminhos pelos quais expressar as mesmas verdades fundamentais, e assim apresentar as antigas fórmulas e regras do caminho que levarão o homem ao estágio seguinte em seu desenvolvimento espiritual. As velhas verdades então adquirirão novos significados e vibrarão com vida fresca. (...) Um estudo dos Doze Trabalhos de Hércules, cobrindo como eles fazem, cada aspecto da vida do discípulo, pode nos capacitar a conquistar uma diferente atitude e nos dar alegria no Caminho e aquela liberdade no serviço que é mais do que uma adequada compensação para as perdas temporárias e dificuldades momentâneas que podem tentar a natureza inferior. (...)

Esta velha história não deixa sem tocar qualquer das fases na vida do aspirante e, contudo, o liga incessantemente à iniciativa cósmica. Ver-se-á que seu tema é tão inclusivo que todos nós, imersos nos problemas da vida, podemos aplicar a nós mesmos as provas e tentativas, os fracassos e conquistas dessa figura heróica que aspirou, séculos atrás, aos mesmos objetivos em que nos estamos empenhando. Pela leitura desta obra, um renovado interesse na vida espiritual pode ser evocado na mente do confundido aspirante, e ele prosseguirá com nova coragem à medida que ganha um quadro seqüencial do desenvolvimento e do destino universais.

Ao estudarmos este antigo mito, descobrimos que Hércules assumiu certas tarefas, simbólicas em sua natureza, mas universais em seu caráter, e que ele passou por certos episódios e acontecimentos que retratam, por todos os tempos, a natureza da preparação e as conquistas que deveriam caracterizar um filho de Deus, caminhando para a perfeição. Ele representa o filho de Deus encarnado, mas não ainda perfeito; o qual, num particular estágio no ciclo evolutivo, toma em suas mãos sua natureza inferior e voluntariamente se submete à disciplina que finalmente ensejará a emergência de sua divindade inata. A partir de um ser humano, errando mas sincero e sério, inteligentemente cônscio da obra a ser feita, um Servidor Mundial é criado, e nós vemos nos últimos dois trabalhos como foi aquele trabalho de salvação.

Três grandes e dramáticas histórias foram constantemente contadas à humanidade através dos tempos: as de Hércules, do Buda e do Cristo, cada um deles retratando um dos estágios no Caminho da Divindade. Na história de Hércules nos são descritas as experiências do Caminho do Discipulado, e as primeiras etapas do Caminho da Iniciação. No caso do Buda, a história começa mais tarde do que a de Hércules, e nós vemos o Buda alcançar a iniciação final, passando pelas iniciações a respeito das quais Hércules conhecia. Depois veio o Cristo histórico, encarnando em Si mesmo algo tão inefável que nós O consideramos de uma maneira especial, como o representante de Deus. Essas três histórias progressivamente revelam o plano de Deus para o desenvolvimento do homem, e nos chamam para prosseguir nos passos de Hércules, que trilhou o Caminho do Discipulado e alcançou sua meta.

O oráculo falou e a exclamação ecoou através dos séculos: “Conheça-te a ti mesmo”. Este conhecimento é a principal conquista no Caminho do Discipulado, e se vê como,  em sequência, e inteligentemente Hércules atingiu este conhecimento. Nós o vemos passando pelo grande caminho dos céus e em cada signo realizando um de seus doze trabalhos, a que todos os discípulos estão chamados a realizar também.
Nós o vemos de dois pontos de vista: o do discípulo individual e da humanidade como um todo, o Grande discípulo mundial do qual ele é o protótipo. É possível considerar a humanidade como tendo alcançado, em massa, o estágio do aspirante, e considerar a raça humana como estando no caminho probatório, o caminho da purificação. Se o sofrimento é o grande purificador, então a afirmação acima é inteiramente verdadeira.  (...)
Vemos Hércules partindo deste ponto e passando pelas sucessivas experiências, até chegar à porta aberta em Leão, através da qual ele pode passar para o Caminho do Discipulado. Nós o vemos aprendendo as lições do equilíbrio, do altruísmo e da vitória sobre a natureza do desejo, até tornar-se o discípulo unidirecionado em Sagitário, antes de passar pelo portão que conduz ao norte da iniciação. Lenta e dolorosamente, ele aprende a lição de que a competição e a posse egoísta devem desaparecer e que a conquista de qualquer coisa para o eu inferior separado não faz parte da missão de um filho de Deus. Ele se descobre como um indivíduo apenas por descobrir que o individualismo deve ser inteligentemente sacrificado pelo bem do grupo; ele aprende que a ambição pessoa não tem lugar na vida do aspirante que procura a libertação do ciclo sempre recorrente da existência e a constante crucificação na cruz da matéria e da forma. As características do homem imerso na vida da forma e sob a regra da matéria são o medo, a competição individual e a ambição. Esses devem ceder lugar à confiança espiritual, à cooperação, à consciência grupal e ao altruísmo. Essas são as lições que Hércules nos traz.

Essa é também a história do Cristo cósmico, crucificado desde o início da criação na cruz fixa nos céus. Essa é a história do Cristo histórico, dada a nós na história dos evangelhos, e representada para nós há dois mil anos na Palestina, quando nosso Sol entrou no signo do Salvador Mundial, o signo de Peixes. Essa é a história de cada homem individualmente, crucificado na cruz da matéria e da existência, e descobrindo que ele é na verdade um filho de Deus encarnado em cada ser humano. Deus, encarnado na matéria. Tal é a história do sistema solar, a história de nosso planeta, a história de cada homem. Ao olharmos para o céu estrelado acima de nós, temos esse grande drama eternamente representado para nós.


Bailey, Alice A. - Os Trabalhos de Hércules, Niteroi-RJ, Fundação Cultural Avatar, 1991, pags. 206-210.

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