Mandalas
Mandalas
são círculos nos quais a divindade principal é colocada no centro, e as outras
em camadas. São uma superfície consagrada, protetora, contra determinadas
invasões. São um mapa do mundo. Psicologicamente, conforme tão bem estudadas
por Jung, correspondem aos elementos estruturais que compõem a personalidade
humana, centrados no indivíduo, que ocupa o centro da figura.
A
mandala se apresenta, por vezes, na forma de Yantras, desenhos geométricos
entrelaçados que, em sua simetria parecem brotar de um ponto central. Esses
desenhos são usados em certas práticas de meditação.
É
indiscutível a força integradora que se sente na Mandala, o que levou Jung a
estudá-las em detalhe. Ela aparece nos momentos em que o ser humano é submetido
a uma tensão desagregadora. Surge nas crianças que vêem os pais se separarem,
nos adultos quando a neurose se estabelece ou sempre que ocorre uma invasão do
inconsciente na alma humana. É uma tentativa de autocura que a Natureza
espontaneamente adota. Uma barreira à desintegração.
A
filosofia hindu, ou qualquer outro sistema por ela influenciado, é um método
para alcançar a autoconsciência. Para isso a Sadhana (prática) é indispensável.
No trabalho psicanalítico sabemos que a cisão entre o intelecto e a psique é
algo grave e precisa ser reparada. É necessário, pois, restabelecer essa
autoconsciência do ego, isolado da Consciência Cósmica. Para a Vedanta, essa
Consciência Cósmica é Brahman. A centelha individual, o ego, é Atman.
Atman=Brahman. Mas, essa identidade não é consciente no homem comum, e quanto
mais inconsciente ele for dessa realidade, maior a tensão existencial, a
angústia. A prática (Sadhana) é o método que leva ao reencontro dessa consciência.
A
Consciência Cósmica é uma superconsciência da qual o inconsciente coletivo de
Jung é apenas um aspecto. Nela estamos mergulhados, existimos e temos o ser. A
consciência relativa cria as imagens em função da limitação da percepção do
Absoluto através dos sentidos. Neste Oceano Primordial nada é perdido.
Os
hindus não consideram a vida como sendo uma luta entre o bem e o mal, entre a
virtude e o pecado, mas como uma oposição entre aquela consciência luminosa e
seu oposto. A psique e o inconsciente, que chamam de Maya, são os dois pólos
desse processo que se chama vida. Sendo assim, estamos diante de uma constante
intromissão dessa Maya. Estamos, mais ou menos, sob o seu controle.
A
mandala é um recurso gráfico, externo, para conduzir à reintegração. É como se
fosse um mapa do Universo mostrando a sua geografia externa e interna. Quando
examinamos o Universo, o Sol, a Terra, ou o ser humano notamos uma grande
semelhança. Existe sempre uma superfície externa, limite, um centro de atração
que congrega em verdadeiras camadas as partes componentes. E se assim não fosse,
as coisas explodiriam e não teriam forma. A forma é a marca externa de uma
Mandala. Assim como existe a forma para o físico, há um contexto para o
psicológico. Uma idéia é uma Mandala quando perfeitamente definida. Um sistema
de pensamento é uma Mandala, pois possui uma estrutura, um conjunto. A mandala,
mesmo que não a notemos, é implícita e realizável. Suas infinitas
possibilidades de realização estão mergulhadas nas profundezas do Inconsciente.
A Mandala é, portanto, um Cosmograma, e um Psicograma. Um roteiro para o
Absoluto.
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