sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Romper com Velhos Padrões: Difícil, mas Inevitável


Toda pessoa que procura a terapia sabe que chegou a hora de mudar algo em sua vida. Saber disso e realizar isso são coisas distantes, num primeiro momento. Com o desenrolar das sessões, vamos aproximando estes dois pontos até que eles se tornem uma unidade.

O caminho é difícil, pois neste intervalo tem-se que lidar com estruturas arcaicas, padrões estabelecidos na psique que serviram numa dada época da vida, mas que depois de um certo período, passam a ser obstáculos para a evolução do indivíduo.

Mas é justamente aí que se encontra o desafio, a prova crucial do processo analítico.

Nós, como analistas, temos a oportunidade de exercer a função de continente para nosso cliente, mas ao mesmo tempo temos que saber dar-lhe o estímulo adequado para questionar as “leis da sua vida” e, juntos, avaliar que “alicerces” pedem reforma. 

Muitos conflitos se movem em todo esse processo.  Muitas crises acontecem, muitos medos se revolteiam até que as novas bases estejam assentadas. É o preço das mudanças que nosso Self exige para nossa evolução como seres humanos.

Neste ponto, gostaria de transcrever um trecho do livro “Anatomia da Cura”, da Dra. Christine Page, que toca particularmente neste assunto:

Estabelecer novos parâmetros a partir dos quais trabalhar pode muitas vezes ser assustador, pois tudo quanto foi “comprovado pelo tempo” parece familiar e cômodo.

É freqüente haver medo de “ver” o que está por trás do conselheiro, principalmente quando este é o pai ou a mãe. Também pode haver medo do fracasso e de confiar nos próprios instintos recém-descobertos.

As palavras “Eu bem que avisei” ou “Depois não diga que não avisei” não ajudam quando estamos tomando decisões sozinhos.

Quando o sistema de crenças envolve mensagens repetidas sobre a auto-estima, pode ser muito difícil começar a desenvolver o senso de identidade e autovalorização.

O único papel que resta a um indivíduo nessas circunstâncias é acreditar que tudo quanto lhe acontece é culpa sua e que ele nunca vai conseguir nada que tentar obter.

Quando começam a desenvolver um grau modesto de auto-estima, podem até se sentir culpados por negar aquilo em que acreditaram durante tanto tempo.

Podem tornar-se a vítima e o algoz ao mesmo tempo, e o crescimento estaciona.

Na verdade, são os únicos a ter a chave que pode abrir a porta de sua prisão... muitos podem oferecer apoio, mas a “vítima” precisa abrir a porta para permitir que os amigos entrem.

Tudo requer tempo e uma das maneiras de sabotar qualquer movimento para a frente é estabelecer metas altas demais e, assim, realizar a crença subconsciente de que nada é possível.

Seja qual for o motivo, costuma ser muito difícil mudar o “disco” ou sistema de crenças arquivado no banco de dados da memória e substituí-lo por outro.

Mas, quando chega o momento certo, a mudança acontece de acordo com a Lei da Harmonia e do Equilibrio, e lá vamos nós, de boa vontade ou esperneando e gritando!

Eu poderia citar um monte de gente nos seus 50 ou 60 anos, homens e mulheres, cujos atos ainda são governados pelos sistemas de crenças de seus pais.

Como devem agir, o que devem usar, quanto devem se esforçar no trabalho, o que devem ler, o que devem comer.

Todos conselhos bons e sensatos em sua época, mas que talvez não sejam apropriados agora.

Sempre que ouço as palavras “você tem de fazer isso, é obrigado a fazer aquilo”, sei que estou diante de um problema que puxa uma pergunta: Quem disse? Raramente a resposta é “Eu”.

Por exemplo:

Maria era uma mulher bem sucedida, estava com 55 anos e era perfeccionista. Trabalhava o dia inteiro e depois se perguntava por que a cabeça não parava e não a deixava dormir.

Conversamos sobre relaxamento e lazer e ela disse que não eram atividades que fizessem parte de sua rotina, pois significavam a perda de um tempo precioso.

Perguntei-lhe qual a origem dessa rigorosa ética profissional e ela me contou que a mãe sempre lhe dissera que nunca conseguiria nada  e nunca seria alguém.

Durante os últimos 50 anos, ela tinha tentado provar que a mãe estava errada.

Não era capaz de olhar para suas conquistas e se dar os parabéns... Ainda procurava obter a aprovação da mãe.

Em épocas de mudança, é absolutamente válido voltar a hábitos antigos de comportamento durante os curtos períodos de tempo até os novos paradigmas já estarem bem “adaptados” e os antigos sistemas de crenças não combinarem mais com a nova imagem.

Deepak Chopra, em seu livro “Quantum Healing”, afirma que é muito difícil mudar velhos hábitos de uma vida inteira... não é impossível, mas requer um “salto quântico” mental, que significa soltar-se e confiar.

As leis do universo e da terra em que vivemos existem para evitar o caos e proporcionar segurança.

Mas as regras e os sistemas de crenças precisam ser avaliados de tempos em tempos para verificarmos se ainda estão harmônicos com a sabedoria do Eu Superior.

Essa sabedoria surge do desenvolvimento da intuição e reflete aquilo que é bom não só para o indivíduo, mas também para a humanidade como um todo.

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