segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Depressão: amiga ou inimiga?


As estatísticas mais recentes têm apontado a depressão como o mal do século. Os prognósticos para este distúrbio de humor o colocam como primeiro problema psicológico para os próximos 20 anos.
A AMA (Associação Médica Americana) explica objetivamente o que é a depressão e seus tipos. As empresas farmacêuticas têm se especializado cada vez mais, elaborando medicamentos eficientes, de acordo com as mais recentes descobertas da Neurociência.
No entanto, a depressão insiste e persiste. Por que?
Os medicamentos combatem os sintomas da depressão, mas não acabam com ela, pois este distúrbio, assim como qualquer outra psicopatologia, tem uma função específica na nossa mente.
As psicopatologias não são apenas efeitos de desordens psíquicas, mas têm um papel dinâmico, comportando-se como um fator de cura também. Qualquer doença, seja ela física ou psíquica, é um meio de autocura, de transformação. Assim, se queremos chegar à cura, precisamos entender a doença.
No caso específico da depressão, o que ela mostra? Podemos sintetizar a mensagem deste distúrbio da seguinte forma:  ela quer nos fazer ver que nossa vida está carecendo de um sentido. Ela se instala progressivamente, sendo o último estágio  de uma tentativa de integração proposta pelo nosso Ser Real.
Nossa psique (alma) nos convida, de tempos em tempos, a produzir mudanças internas, a EVOLUIR. Quando nos negamos a isso, produzimos algum nível de dissociação interna. Evolução significa reintegração com partes de nós até então inconscientes (as diferentes partes do Ser). Para isso, temos que mergulhar em regiões dentro de nós e isso causa medo. Assim, o medo é o principal obstáculo (e não é pequeno!) à metamorfose interior. O medo do desconhecido, por exemplo, é um grande óbice ao processo interno de mudança.
Quando evitamos, seguidamente, esses enfrentamentos que se manifestam, por vezes, só internamente, como um conflito com fantasmas, fantasias ou devaneios, eles acabam se externalizando e vemos esses elementos internos projetados em circunstâncias e pessoas.
A negação crônica do movimento da vida, das pulsões que nos impulsionam a fazer mudanças e tornar nossa vida criativa, é que geram a depressão.
A depressão é uma doença que nos diz: você não está fazendo da sua vida o que deve, não está cumprindo com a vontade do Ser Real para este ciclo de sua existência.   É qual é essa vontade? Cada um tem que descobrir através de um processo de AUTOCONHECIMENTO, exercitando a interiorização. O problema é que o processo depressivo drena a vida, o que faz por vezes necessária a ajuda externa, na forma de uma terapia bem conduzida.
Então, a questão central é: A VIDA ANDA POUCO CRIATIVA! Nós, seres humanos, estamos perdendo o propósito da nossa existência, escolhendo viver de forma mecânica, robótica, nos distanciando de nossa natureza interior, de nossa Verdade. Essa é a causa da crescente depressão que assola estes tempos. Estamos perdendo contato com a VIDA, vivendo por viver, sem o saber.
Assim, no final das contas, a depressão é uma amiga, que nos alerta pela dor, de que precisamos submeter nossa vida a um processo de reflexão.
E se precisamos ser tocados pela dor é sinal de que as tentativas anteriores, mais brandas, que nosso Ser Real tentou para nos levar a uma transformação, falharam. Portanto, a situação é grave. Em vez de rechaçar essa amiga tão sincera, vamos nos voltar para ela e ver e escutar o que ela tem a nos dizer.



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