As estatísticas mais recentes têm apontado a depressão como
o mal do século. Os prognósticos para este distúrbio de humor o colocam como
primeiro problema psicológico para os próximos 20 anos.
A AMA (Associação Médica Americana) explica objetivamente o
que é a depressão e seus tipos. As empresas farmacêuticas têm se especializado
cada vez mais, elaborando medicamentos eficientes, de acordo com as mais
recentes descobertas da Neurociência.
No entanto, a depressão insiste e persiste. Por que?
Os medicamentos combatem os sintomas da depressão, mas não
acabam com ela, pois este distúrbio, assim como qualquer outra psicopatologia,
tem uma função específica na nossa mente.
As psicopatologias não são apenas efeitos de desordens
psíquicas, mas têm um papel dinâmico, comportando-se como um fator de cura
também. Qualquer doença, seja ela física ou psíquica, é um meio de autocura, de
transformação. Assim, se queremos chegar à cura, precisamos entender a doença.
No caso específico da depressão, o que ela mostra? Podemos
sintetizar a mensagem deste distúrbio da seguinte forma: ela quer nos fazer ver que nossa vida está
carecendo de um sentido. Ela se instala progressivamente, sendo o último
estágio de uma tentativa de integração proposta
pelo nosso Ser Real.
Nossa psique (alma) nos convida, de tempos em tempos, a
produzir mudanças internas, a EVOLUIR. Quando nos negamos a isso, produzimos
algum nível de dissociação interna. Evolução significa reintegração com partes
de nós até então inconscientes (as diferentes partes do Ser). Para isso, temos
que mergulhar em regiões dentro de nós e isso causa medo. Assim, o medo é o
principal obstáculo (e não é pequeno!) à metamorfose interior. O medo do
desconhecido, por exemplo, é um grande óbice ao processo interno de mudança.
Quando evitamos, seguidamente, esses enfrentamentos que se
manifestam, por vezes, só internamente, como um conflito com fantasmas,
fantasias ou devaneios, eles acabam se externalizando e vemos esses elementos
internos projetados em circunstâncias e pessoas.
A negação crônica do movimento da vida, das pulsões que nos
impulsionam a fazer mudanças e tornar nossa vida criativa, é que geram a
depressão.
A depressão é uma doença que nos diz: você não está fazendo
da sua vida o que deve, não está cumprindo com a vontade do Ser Real para este
ciclo de sua existência. É qual é essa vontade? Cada um tem que
descobrir através de um processo de AUTOCONHECIMENTO, exercitando a
interiorização. O problema é que o processo depressivo drena a vida, o que faz
por vezes necessária a ajuda externa, na forma de uma terapia bem conduzida.
Então, a questão central é: A VIDA ANDA POUCO CRIATIVA! Nós,
seres humanos, estamos perdendo o propósito da nossa existência, escolhendo
viver de forma mecânica, robótica, nos distanciando de nossa natureza interior,
de nossa Verdade. Essa é a causa da crescente depressão que assola estes tempos.
Estamos perdendo contato com a VIDA, vivendo por viver, sem o saber.
Assim, no final das contas, a depressão é uma amiga, que nos
alerta pela dor, de que precisamos submeter nossa vida a um processo de
reflexão.
E se precisamos ser tocados pela dor é sinal de que as
tentativas anteriores, mais brandas, que nosso Ser Real tentou para nos levar a
uma transformação, falharam. Portanto, a situação é grave. Em vez de rechaçar
essa amiga tão sincera, vamos nos voltar para ela e ver e escutar o que ela tem
a nos dizer.
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