segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Câncer: Uma Abordagem Psicossomática (1)


CÂNCER:  ABORDAGEM PSICOSSOMÁTICA (Anexo 1)
Esta série de textos sobre o câncer, analisados pela ótica da Medicina Psicossomática, contém uma explicação objetiva e acessível ao leigo, sobre a natureza psíquica desta doença. Este mérito pertence ao Dr. Rudiger Dahlke, em seu livro "A Doença Como Linguagem da Alma", da qual extraímos o que segue:

Por trás do diagnóstico “câncer” oculta-se um grande padrão que pode se expressar em uma grande variedade de sintomas. Cada um deles afeta toda a existência da pessoa, não importando em qual órgão tenha se originado. Neste ponto, o acontecimento do câncer  é demasiado complexo para estar relacionado apenas com o órgão afetado. Sua tendência de propagar-se por todo o corpo mostra que se trata de toda a pessoa. O câncer, sob a forma de fantasma que assombra nossa época, toca não apenas aqueles que são diretamente afetados, mas toda a sociedade, que o transformou em tabu como nenhum outro sintoma. (...)

Uma outra prova de quanto o câncer tornou-se uma destacada ameaça à saúde em nossa época é o fato de ser ele, dentre todas as doenças, a que nos infunde maior terror. A descrição da doença já traz o selo de nossa avaliação: maligno. O infarto do coração, que ceifa mais vidas e confronta as pessoas com a mais pavorosa dor que se conhece, não desperta semelhante horror. O câncer necessariamente nos confronta com um tema que está mergulhado ainda mais profundamente na sombra que a dor e que a própria morte. Além disso, nenhum outro sintoma torna tão clara a relação entre corpo, alma, mente e sociedade como o câncer. Quer partamos do nível celular, da estrutura da personalidade ou da situação social, por toda parte encontramos padrões semelhantes que conhecemos muito bem, que nos chocam e que não podem ser eliminados porque são os próprios padrões primordiais.

 

O CÂNCER NO NÍVEL CELULAR

A maneira mais segura de diagnosticar o câncer, encontrada pela medicina, é nos grupos de células. Células cancerígenas diferenciam-se das células saudáveis por seu crescimento desordenado e caótico. Na célula individual, impressiona o grande tamanho do núcleo. Tal como se fosse a cabeça do empreendimento célula, ele contém toda a informação necessária para seu complicado funcionamento. Ele controla o metabolismo, o crescimento e a divisão. A perversidade que ganha expressão no núcleo superdimensionado tem sua causa na enorme atividade divisória da célula, que não mais desempenha suas tarefas em conjunto com as outras células e passa atuar, sobretudo, na multiplicação de si mesma. Enquanto o núcleo é na verdade pequeno no metabolismo normal, com a caótica divisão celular do evento cancerígeno ele cresce para além de si mesmo no mais puro sentido da palavra, fornecendo um projeto atrás do outro para sua descendência. Até mesmo os processos de regeneração no interior do corpo celular são deixados para trás em favor da incessante produção de novas gerações de células. (...)

Além dos núcleos celulares superdimensionados e sua exagerada tendência à divisão, a indiferenciação das células também lembra as formas da primeira etapa, ainda não maduras. Em seu delírio de propagação elas descuidam muitas outras coisas, perdendo muitas vezes a capacidade de executar complicados processos metabólicos tais como a oxidação. Enquanto, por um lado, regridem à primitiva etapa preparatória da fermentação, por outro elas recuperam a capacidade de produzir substâncias que somente células embrionárias e fetais possuem. (...)

A célula cancerígena tem menos necessidade de comunicar-se com suas vizinhas, o que é vantajoso se considerarmos suas péssimas relações de vizinhança. Enquanto as células normais têm o que se chama de inibidor de contato, que suspende seu crescimento quando encontram outros corpos celulares, as células cancerígenas se comportam exatamente ao contrário. Não tendo fronteiras para respeitar, elas invadem territórios estrangeiros com brutalidade. É compreensível que, com isso, elas despertem a hostilidade da vizinhança. Descobriu-se há pouco que as células cancerígenas não se acanham nem mesmo em verdadeiramente escravizar outras células. Como são demasiado primitivas para executar processos metabólicos diferenciados, elas utilizam células normais e as privam dos frutos de seu trabalho. A célula cancerígena não tem escrúpulos e somente se preocupa, da maneira mais egoísta, com seu crescimento, e isso até mesmo em relação à sua própria progênie, formada exatamente à sua imagem. Muitas vezes, também, os próprios pais ficam no caminho, superados pelo desenvolvimento furioso e privados de provisões. Encontram-se, frequentemente, células mortas, necrosadas, no interior dos tumores, indicando simbolicamente que a mensagem central desse novo crescimento é a morte.

A regressão da célula cancerígena a um padrão de vida anterior mostra-se também em sua atitude parasita. Ela torna tudo aquilo que pode conseguir em alimentação e energia sem estar disposta a dar algo em troca ou a participar das tarefas sociais que ocorrem em qualquer organismo. Ela, assim, exagera um tipo de comportamento que ainda é apropriado para células embrionárias. Evidentemente, no entanto, aquilo que se tolera em uma criança pequena torna-se um problema em um adulto.

Ao ignorar todas as fronteiras, revela-se um outro passo atrás. Assim como as crianças aprendem pouco a pouco a respeitar limites, em seu processo de amadurecimento e diferenciação as células também aprendem a respeitar estruturas dadas e a permanecer dentro da moldura prevista para elas. As células cancerígenas, ao contrário, saem da moldura e deixam para trás tudo o que aprenderam ao longo da evolução. Elas não podem controlar nem fronteiras vitais, nem as grandes estruturas do corpo. Elas perdem totalmente aquele padrão para o qual foram destinadas originalmente. (...)

À medida que os campos morfogenéticos mencionados antes forem sendo pesquisados, possivelmente se chegará a uma compreensão mais profunda da problemática do câncer. Assim como ver o problema – no plano genético – em uma mutação, tem igualmente sentido abordá-lo a partir do ângulo cintilante dos campos formativos. O problema então passa a estar no abandono da moldura preestabelecida. Com isso, o problema se estenderia para além da célula individual, tornando-se um problema do tecido ou órgão afetado, que não está mais em posição de impor seu padrão a todas as células individuais. Este princípio poderia completar a explicação genética, já que em ambos os casos expressa-se na mesma medita o tema da evasão das normas estabelecidas. De fato, o câncer é tanto um problema do meio como da célula individual.

 

 

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