terça-feira, 27 de agosto de 2013

Câncer: Uma Abordagem Psicossomática (2)


CÂNCER: UMA ABORDAGEM PSICOSSOMÁTICA (Anexo 2)
por Dr. Rudiger Dahlke (A Doença Como Linguagem da Alma)

A GÊNESE DO CÂNCER

No que se refere à gênese do câncer no nível celular, atualmente os pesquisadores são praticamente unânimes em reconhecer que as mutações ocupam o primeiro plano. A palavra vem do latim e significa modificação. Caso uma célula seja estimulada durante tempo suficiente, pode sofrer modificações drásticas que têm origem no nível do material genético. Os estímulos que preparam esse caminho podem ser os mais variados: mecânicos, químicos ou físicos. Pressão prolongada, o alcatrão dos cigarros ou radiação penetrante são algumas possibilidades.

As células do tecido correspondente podem conseguir suportar a estimulação contínua por muito tempo, mas em algum momento uma delas é superestimulada e degenera. Ela, no mais puro sentido da palavra, modifica seus genes e segue seu próprio caminho que, no entanto, leva na verdade a uma ego-trip. Ela começa algo totalmente novo para suas circunstâncias, dedicando-se ao crescimento e à auto-realização. Um dos nomes médicos para o câncer é neoplasma. Ele expressa esse “novo crescimento”. Aquilo que para o corpo representa um perigo de vida é, para a célula martirizada por tanto tempo, um ato d libertação. Agora tudo depende de o corpo dispor de suficiente estabilidade e poder de defesa para derrotar a insurreição das células. Hoje em dia os pesquisadores partem do princípio de que células degeneram com relativa freqüência, mas tornam-se inofensivas  graças a um bom sistema de defesa. A fraqueza das defesas do organismo tem portanto um significado decisivo para o surgimento do câncer. De fato, é freqüente encontrar em retrospecto um colapso das defesas justamente na época em que se presume que o tumor tenha surgido. De qualquer maneira, nem sempre é fácil esclarecer esse ponto. A rapidez do desenvolvimento depende na verdade do tipo de tumor, mas por outro lado flutua também em tumores do mesmo tipo, dependendo da situação geral. Muitas vezes, um tumor já existe há anos no momento em que é descoberto, tendo um peso de cerca de um grama e consistindo de milhões de células. Deste ponto de vista, ninguém pode saber com certeza se tem câncer ou não. Nós provavelmente estamos sempre tendo câncer, só que o sistema imunológico continua sendo senhor da situação. Isto também pode ser uma razão para o terror inaudito que o tema câncer infunde.

 

OS NÍVES DE SIGNIFICAÇÃO DO EVENTO CANCERÍGENO

O comportamento da célula cancerígena mostra uma problemática de crescimento como tema de fundo. Após muita consideração e cautela, a célula decide fazer o contrário. Crescimento caótico e transbordante sem cuidado e sem consideração que não poupa nem territórios estranhos nem a própria base da vida. Em conseqüência, as leis do crescimento saudável são ignoradas. A célula cancerígena se coloca acima das regras de convivência normal dentro da associação de células e, sem pudor, rompe tabus de importância vital. Em lugar de assumir o lugar que lhe foi designado e cumprir com seu dever, ela sai perigosamente dos limites e da espécie. Dedicando-se a uma selvagem e egocêntrica atividade divisória, ela se divide para todos os lados. A vizinhança e até mesmo as regiões mais afastadas do corpo começam a sentir sua agressão brutal. A ego-trip forma-se devido a uma ênfase excessiva na cabeça das células, esses núcleos superdimensionados, esses centros hidrocefálicos com sua atividade frenética. De fato, tudo tem de acontecer na cabeça da célula cancerígena, toda sua descendência é formada exatamente à sua imagem. Assim, ela é totalmente autárquica e cria seus filhotes sem ajuda externa, virgem por assim dizer. Com essa prole, ela vai de cabeça contra a parede, no mais verdadeiro sentido da palavra. Nem mesmo as membranas basais, os mais importantes muros fronteiriços entre os tecidos, podem resistir às suas agressões.

A célula cancerígena demonstra da mesma maneira crua seu enorme problema de comunicação, reduzindo todas as relações de vizinhança a uma política de cotovelada agressivamente reprimida. Com a energia nascida de sua imaturidade virginal, ela não tem escrúpulos em fazer valer a lei do mais forte e, espremendo seus vizinhos mais frágeis contra a parede, ela os destrói ou os transforma em escravos. Ela sacrifica o acesso ao padrão das estruturas adultas em favor da independência. Ela desistiu da comunicação com o campo de desenvolvimento para o qual tinha sido destinada em favor do egoísmo e de reivindicações de onipotência e imortalidade. O problema de comunicação ganha expressão simbólica na respiração celular destruída, já que a respiração representa o intercâmbio e o contato.

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