O CORPO DE DOR (anexo 6)
COMO O CORPO DE DOR SE RENOVA
O corpo de dor é uma forma de energia semi-autônoma que vive
dentro da maioria dos seres humanos, uma entidade constituída de emoção. Ele
tem sua própria inteligência primitiva, como um animal astuto, e ela é dirigida
basicamente para a sobrevivência. Assim como todas as formas de vida, o corpo
de dor precisa se alimentar com regularidade, e o alimento de que ele necessita
consiste numa energia que é compatível com sua natureza, isto é, que vibra numa
freqüência semelhante à sua. Qualquer sensação dolorosa em termos emocionais
pode ser usada como alimento. É por isso que ele prospera com o pensamento
negativo e também com o conflito nos relacionamentos. O corpo de dor é viciado
em infelicidade.
Podemos ficar chocados quando alcançamos a compreensão de
que existe alguma coisa dentro de nós que busca regularmente o negativismo
emocional, a infelicidade. Precisamos até mesmo de mais consciência para
detectar esse processo dentro de nós do que para reconhecê-lo em alguém. Depois
que a infelicidade assume o controle, não só não queremos que ela termine como
também desejamos fazer com que os outros sejam tão infelizes quanto nós para
que possamos nos alimentar das suas reações emocionais negativas.
No caso da maioria das pessoas, o corpo de dor apresenta um
estágio latente e um estágio ativo. Quando ele está latente, nos esquecemos com
a maior facilidade de que carregamos uma pesada nuvem escura ou um vulcão
adormecido dentro de nós, dependendo do campo energético de nosso corpo de dor
em especial. O tempo que ele permanecesse nessa condição varia de pessoa para
pessoa: o mais comum é que se mantenha
assim por poucas semanas, no entanto isso pode ficar em estado de
hibernação durante anos antes de ser despertado por um acontecimento.
COMO O CORPO DE DOR SE ALIMENTA DOS PENSAMENTOS
O corpo de dor desperta da sua dormência quando sente fome,
na hora de se realimentar. Mas isso também pode ser provocado por um
acontecimento a qualquer momento. Às vezes, o corpo de dor que está pronto para
se nutrir usa o fato mais insignificante como um estímulo – de algo que alguém
diz ou faz a um pensamento. Se vivemos
sozinhos ou caso não haja ninguém próximo a nós no momento, ele irá se
alimentar dos nossos pensamentos, que, de repente, se tornarão profundamente
negativos. Em geral, não temos consciência de que, pouco antes do surgimento
desse fluxo de pensamentos ruins, uma onde de emoções invade nossa mente na
forma de um humor sombrio e pesado, de ansiedade ou de raiva extrema. Todo pensamento é energia, e nesse instante o
corpo de dor está se abastecendo com essa energia. Contudo, ele não pode se
alimentar de qualquer pensamento. Não precisamos ser especialmente sensíveis
para observar que os pensamentos positivos têm um tom de sentimento diferente
daqueles que são negativos. É a mesma energia, porém ela vibra em outra
freqüência. O corpo de dor não consegue digerir um pensamento feliz. Ele só tem
capacidade para consumir os pensamentos negativos porque apenas esses são
compatíveis com seu próprio campo de energia.
Todas as coisas são campos de energia vibratória num
movimento incessante. A cadeia em que estamos sentados ou o livro que seguramos
nas mãos parecem sólidos e imóveis somente porque é assim que nossos sentidos
percebem sua freqüência vibratória, isto é, o movimento contínuo das moléculas,
dos átomos, dos elétrons e das partículas subatômicas – elementos que, juntos,
criam aquilo que percebemos como uma cadeira, um livro, uma árvore, um corpo,
etc. O que consideramos matéria física é energia vibratória (em movimento) numa
determinada extensão de freqüências. Os pensamentos são constituídos dessa
mesma energia, que vibra numa freqüência superior à da matéria, e é por isso
que não podem ser vistos nem tocados. Eles têm sua própria extensão de
freqüências, com os pensamentos negativos na extremidade inferior da escala e
os pensamentos positivos na extremidade superior. A freqüência vibratória do
corpo de dor encontra eco na dos pensamentos negativos, assim apenas estes
últimos podem alimentá-lo.
O padrão usual de pensamento para criar emoções é revertido
no caso do corpo de dor, pelo menos no início. A emoção que parte dele adquire
rapidamente o controle do pensamento. E, uma vez que a mente é dominada pelo
corpo de dor, o pensamento se torna negativo. A voz na nossa cabeça a contar
histórias tristes, cheias de ansiedade e rancor que podem falar sobre nós,
nossa vida, outras pessoas, o passado, o futuro ou acontecimentos
imaginários. Essa voz será de censura,
acusação, queixa, fantasia. E estabeleceremos uma total identificação com
qualquer coisa que ela diga, acreditando em todos os seus pensamentos
distorcidos. A essa altura, o vício da infelicidade terá se instalado em nós.
Não é que sejamos incapazes de deter o trem dos pensamentos
negativos – o mais provável é que nos falte vontade de interromper seu curso.
Isso acontece porque, nesse ponto, o corpo de dor está vivendo por nosso
intermédio, fingindo ser nós. E, para ele, a dor é prazer. Ele devora
ansiosamente todos os pensamentos negativos. Na verdade, a voz corrente na nossa
cabeça torna-se a voz dele. E ela assume o diálogo interior. Um círculo vicioso
se estabelece: todo pensamento nutre o corpo de dor, que, por sua vez, produz
mais pensamentos. Em algum momento, após algumas horas ou até mesmo depois de
poucos dias, ele estará realimentado e retornará ao seu estágio latente,
deixando para trás um organismo exaurido e um corpo físico muito mais
suscetível à doença. Se ele lhe parece um parasita psíquico, você está certo. É
exatamente o que ele é.
(Eckhart Tolle – Um Novo Mundo: O Despertar de Uma Nova
Consciência)
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